A Boeing, empresas histórica no setor aeroespacial, também colheu bons frutos prestando serviços à NASA, como, por exemplo, levando os primeiros humanos à Lua. Mas, após tantos anos, a empresa está considerando vender seu negócio de viagens espaciais.
Segundo informações exclusivas do The Wall Street Journal, a companhia vem passando por dificuldades, o que facilitaria a negociação de seus ativos espaciais, incluindo a espaçonave Starliner (que vem sendo alvo de críticas e problemas) e todas as operações que dão suporte à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
A ideia veio da nova CEO da Boeing, Kelly Ortberg, que tenta otimizar a empresa e conter suas recentes perdas financeiras. Contudo, a possível venda está em estágios iniciais e pode não acontecer, apontou o Journal.
Boeing passa por graves problemas financeiros
- A empresa aérea vem passando por crise financeira cada vez maior;
- Na última semana, o principal sindicato que atende aos funcionários da companhia rejeitou duas propostas de acordo e manteve a greve que vem atrapalhando a produção de aviões;
- Já os projetos espaciais e de defesa da empresa foram prejudicados após atrasos e orçamentos estourados;
- Podemos teorizar que os problemas financeiros da Boeing também vieram com a ascensão da SpaceX, de Elon Musk, que suplantou muitos dos contratos que a empresa tinha com a NASA;
- Além disso, problemas, como os que envolvem a Starliner, agravaram o quadro da companhia. Isso porque a espaçonave passou por contratempo em sua primeira viagem espacial com humanos. Dois astronautas que foram para a ISS com ela aguardam retorno com uma nava da SpaceX só em 2025;
- Todavia, é esperado que a Boeing siga supervisionando o Sistema de Lançamento Espacial (SLS), grande foguete pago construído pela companhia e pago pela NASA visando futuras explorações lunares por meio da missão Artemis;
- Apesar de problemas durante sua produção e no controle de qualidade do sistema, o SLS fez, há cerca de dois anos, seu primeiro voo-teste com sucesso.
Durante mais de um ano, Boeing e sua parceira, a Lockheed Martin, tentaram vender seu empreendimento de lançamento de foguetes, denominado United Launch Alliance. Ele é dividido igualmente entre as empresas e se concentra em lançamentos que envolvem a segurança nacional dos Estados Unidos.
Ortberg, no cargo desde agosto, afirmou estar avaliando vendas de ativos e deixar de lado projetos que enfrentam problemas. E todos eles estão sob questionamento, não só os negócios comerciais e de defesa principais.
É melhor fazermos menos e fazermos melhor do que fazermos mais e não fazermos bem. Como queremos que esta empresa esteja daqui a cinco e dez anos? E essas coisas agregam valor à empresa ou nos distraem?
Kelly Ortberg, CEO da Boeing, em ligação realizada com analistas na última semana
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Um primeiro movimento da CEO foi demitir o chefe de defesa e negócios espaciais da companhia em setembro. Nessa unidade, está o negócio espacial da empresa, que representa pequena parcela. Esse setor fabrica caças a jato e helicópteros para o Pentágono, mas que sofreu prejuízo de US$ 3,1 bilhões (R$ 17,69 bilhões, na conversão direta) de um total de US$ 18,5 bilhões (R$ 105,61 bilhões) perdidos em receita entre janeiro e setembro de 2024.
Antes da chegada de Ortberg ao cargo de CEO, a Boeing chegou a conversar com a Blue Origin, de Jeff Bezos, para que esta assumisse alguns programas espaciais da NASA. A Blue Origin vem investindo pesado para ter seus próprios foguetes e disputar contratos da agência espacial estadunidense com a SpaceX.
Segundo o WSJ, tanto o programa Starliner, como os demais serviços que a Boeing presta para a ISS, estão na berlinda, podendo ser vendidos pela empresa. Vale lembrar que a Estação já tem seus dias contados, pois a NASA quer tirá-la de órbita por volta de 2030.
Ainda em setembro, a agência afirmou analisar o futuro da Starliner, incluindo o que seria preciso fazer no veículo espacial para ele receber seu selo de aprovação. Além disso, a NASA afirmou que a espaçonave não fará voos em 2025, o que contraria um acordo feito com a Boeing.
Era esperado que a Starliner fosse uma alternativa ao Crew Dragon, da SpaceX, para levar astronautas de e para a ISS, mas, atualmente, parece que isso não vai acontecer.
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